16 junho 2012

Deficientes auditivos podem 'ouvir' Hino Nacional

G1 MS | 15.06.12
Com ajuda de tecnologia, deficientes auditivos podem 'ouvir' Hino Nacional
Pedagogo usa língua de sinais e interpreta músicas para surdos.
Jovem deficiente se comunica com amigos por videoconferência no celular.

O pedagogo Valdir Balbueno, 34 anos, disponibilizou na Internet um clipe, gravado por ele, em que interpreta o Hino Nacional na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Segundo Balbueno, objetivo da proposta é permitir que surdos possam 'ouvir' as músicas e, principalmente, compreender seu sentido.

“Os surdos não entendiam o porquê de os jogadores de futebol se alinharem e colocarem a mão no peito antes das partidas, e me perguntava o que estava acontecendo. Por isso resolvi gravar e ensinar o hino a eles”, lembra o pedagogo.

A iniciativa de interpretar músicas para surdos começou há cerca de 10 anos, por meio de um grupo da 1ª Igreja Batista em Campo Grande. Hoje já são 30 clipes compilados em quatro DVDs, e parte do acervo pode ser consultada na Internet.

Para o pedagogo, o acesso facilitado às tecnologias de comunicação ajuda tanto a quem produz conteúdo específico para surdos como para o público a que esse material é destinado. “A tecnologia tirou os surdos do mundo do silêncio e os incluiu nos meios sociais, junto aos ouvintes. Produzimos os clipes porque entendemos que o surdo também tem direito à música, aos sons”, afirma Balbueno.

Videoconferência
Quem vê o estudante Danilo Marcheti, 20 anos, falando ao celular ou usando um computador, não imagina que o jovem é portador de deficiência auditiva desde o nascimento. Com a ajuda de aparelhos amplificadores, ele conseguiu recuperar parte da audição, mas foi por meio das tecnologias que o convívio com amigos se tornou bem mais próximo e natural.

Deficiente auditivo conversa com amigos pelo celular (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)
Antes de aprender Libras na juventude, Danilo usava apenas os serviço de SMS do celular ou de bate-papo na Internet. Hoje, se o estudante precisa falar com alguém à distância, usa os recursos de videoconferência e webcam e expressa-se por gestos. “Tenho amigos ouvintes que aprenderam Libras para poder se comunicar comigo mesmo quando estamos longe”, diz Danilo.

O principal obstáculo na hora de se comunicar é o desconhecimento da língua de sinais por parte do interlocutor que não tem deficiência auditiva. O uso de amplificadores auriculares não garante a Danilo a compreensão integral das mensagens. Por isso, o aprendizado de técnicas de leitura labial facilita os diálogos. “Assistir TV me ajuda a treinar a leitura visual, por meio da legenda das cenas, a leitura labial, que faço pelas imagens, e também a audição, porque tento reconhecer e memorizar o som falado com a palavra que leio”, explica.
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Até maio deste ano, Danilo cursava a faculdade de Letras em Campo Grande, em uma turma de 10 surdos e 40 ouvintes, mas interrompeu os estudos para trabalhar. Ele conta que pretende retomar o curso e ser professor de Libras. “Prefiro a língua de sinais porque agiliza a minha comunicação. Mas seria muito melhor se todos soubessem Libras, independentemente de ser ou não deficiente auditivo”, diz.


Confira aqui o audio.

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